segunda-feira, 23 de abril de 2012

Não é nada incomum - ao contrário, é extremamente corriqueiro - que nos deparemos com o termo "filosofia" sendo utilizado dentro de um sentido que foge completamente ao acadêmico. Falamos em "filosofia de vida" como forma de referência às nossas crenças particulares, às coisas que acreditamos como sendo certas ou erradas. Dizemos frases tais quais "a minha filosofia de vida", ou "segundo a filosofia da minha avó" e mal nos apercebemos do fato de que, mesmo quando dizemos detestar as abstrações da Filosofia, isso ainda assim é um tipo de pensamento filosófico. Olhando por este lado, é natural considerar que a maioria dos seres humanos em várias culturas pensa, reflete, pondera e chama a todos estes procedimentos de "Filosofia".
Academicamente falando, a coisa é um tanto diferente. Em primeiro lugar, ninguém se torna filósofo por se formar numa faculdade, por mais bem reputada que ela seja e por melhores que sejam as notas no histórico escolar. São raros os indivíduos que construíram um pensamento criterioso e original e que podem ser reconhecidos academicamente como sendo "filósofos". Ou seja: quando falamos em "filosofia de vida", não estamos nos referindo ao pensar criterioso que constitui o procedimento filosófico. Afinal, nem sempre a tal "filosofia de vida" deriva de um pensamento criterioso, podendo ser mera repetição de um hábito mental ou emocional que nada tem de amor à verdade. Pode ser apenas um condicionamento que nada tem de reflexivo.

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